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Encha o tanque com mamona!

Agora parece que vai. Há tempos se ouve falar de um combustível que seria obtido da mamona, do babaçu ou até do amendoim! É o biodiesel, o combustível ecologicamente correto. Em recente entrevista, o presidente do Brasil avisou: vamos produzir mais biodiesel!

Não se trata de uma novidade. Na Europa e nos EUA, já há automóveis rodando com biodiesel. Seu nome vem da semelhança de suas moléculas com as do óleo diesel, uma mistura de hidrocarbonetos de fórmula aproximada: H3C-(CH2)16-CH3. Já o biodiesel é um éster. Então cadê a semelhança?

Os ésteres são moléculas orgânicas que apresentam o grupo -COO-. São conhecidos pelo seus aromas de frutas. Escolha uma fruta -abacaxi, banana e até kiwi- e sempre haverá um éster com um aroma igualzinho. É simples produzi-los: basta reagir ácido carboxílico com álcool que ele se forma ao lado da água. É a reação de esterificação.

Os óleos e as gorduras de origem animal ou vegetal também são ésteres. É claro que, nesse caso, o aroma de fruta não está lá. Eles são um pouco diferentes. São ésteres triplos (triésteres), isto é, apresentam três grupos -COO-, com três cadeias carbônicas grandes. Dizemos que são derivados de ácidos graxos -ácidos carboxílicos com longas seqüências de carbonos (por volta de 18 átomos desse elemento).

O presidente afirmou que quer produzir biodiesel a partir do óleo da mamona. Mas como isso é feito? Uma opção é a chamada transesterificação, que começa com a quebra do triéster do óleo da mamona no álcool e nos ácidos graxos que o “originaram”. Para isso basta um aquecimento com catalisadores alcalinos. Na seqüência, um álcool, metanol ou etanol, esterifica os ácidos graxos para formar ésteres metílicos ou etílicos. Veja a fórmula de um dos metílicos: H3C-(CH2)16-COO-CH3. Esse é o biodiesel. Qualquer semelhança com a estrutura do diesel não é mera coincidência.

Mas a utilização do biodiesel tem alguma vantagem? Anote aí: ele não apresenta impurezas de enxofre como o diesel do petróleo, isto é, não causa chuva ácida! Se utilizado, alguns milhões de toneladas de gás carbônico deixariam a atmosfera, graças à absorção de CO2 pela planta utilizada na produção do óleo vegetal -quer dizer, menos efeito estufa! Isso sem falar que a mamona pode ser plantada em regiões semi-áridas do nosso Nordeste, gerando mais empregos na região.