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Magneti Marelli lançará um sistema tetrafuel em um ano

Tecnologia permitirá que carros usem álcool, gás e dois tipos de gasolina. A Magneti Marelli, empresa do grupo Fiat, prepara o lançamento para 2005 do sistema tetrafuel que permite abastecer o veículo, além da gasolina e do álcool, também com gás natural. O diferencial deste sistema, segundo o presidente da empresa, Silverio Bonfiglioli, é que o carro pode circular também nos países do Mercosul, que utilizam gasolina pura. A Robert Bosch, que apresentou o seu protótipo trifuel no final de 2003, em São Paulo, está negociando o produto com as montadoras com previsão de lançá-lo nos próximos dois anos. A Delphi, que já tem a tecnologia disponível na Europa, não tem previsão de lançamento no País. “Tudo dependerá do interesse das montadoras”, disse o diretor de engenharia da Delphi do Brasil, Roberto Staein.

A estimativa do gerente de desenvolvimento de produto da unidade de sistemas à gasolina da Robert Bosch, Fábio Ferreira, é que o sistema tricombustível custe 30% menos que a instalação de um kit de conversão nas oficinas, que tem preço médio de R$ 2,2 mil. Para Bonfiglioli, enquanto o veículo bicombustível garante economia de 25% em relação a um veículo a gasolina, no tetrafuel, com o uso do gás natural, a economia será de 45%.

A Magneti Marelli foi a primeira empresa a lançar no País o sistema bicombustível de injeção, o SFS (Software Flexfuel Sensor), no Gol Total Flex 1.6 da Volkswagen , em 2003. Deste segmento a empresa detém 65% de participação sobre 92.681 veículos bicombustível vendidos no Brasil no quadrimestre deste ano, o que representou 19,8% do mercado no período. “Diante da grande aceitação desta tecnologia no País a expectativa é que em dois anos a participação do bicombustível passe a representar 70% das vendas internas das montadoras”, prevê Bonfiglioli.

Para a aplicação da tecnologia bicombustível, a Magneti Marelli investiu R$ 9 milhões em pesquisa e desenvolvimento que começou em 1997. E outros R$ 9 milhões serão gastos nos próximos dois anos. Até o final de 2005 a previsão de investimento é de R$ 69 milhões. Do total, R$ 27 milhões serão destinados a pesquisa e desenvolvimento e R$ 42 milhões para ampliar a capacidade da fábrica de Hortolândia (SP), que emprega atualmente 904 funcionários em três turnos de trabalho.

Parte desta quantia será destinada para a duplicação da capacidade de produção de bicos injetores, de 3,2 milhões de unidades por ano para 6,4 milhões de unidades por ano até o final de 2004. A empresa também vai duplicar a capacidade de produção da linha drive by wire (feitos de alumínio), que utiliza impulsos elétricos no lugar de cabos de aços convencionais.

Outra intervenção será na linha de sistemas integrados de injeção eletrônica, que poderá ter sua produção ampliada em 22%, de 18 mil para 22 mil unidades por dia. Com o aumento da capacidade a empresa vai ampliar em 5% o número de empregados.

Além de atender outros fabricantes de sistemas de injeção no Brasil, o aumento da capacidade de bicos injetores visa também o mercado externo. “Vamos exportar o sistema drive by wire para a França a partir deste ano”, diz Bonfiglioli.

Das 800 mil unidades de sistemas de injeção que a Magneti Marelli produz por ano, 9% são flexfuel. Para 2005, a expectativa de Bonfiglioli é que o percentual suba para 40%. O faturamento da empresa, que em 2003 foi de R$ 303,7 milhões, terá aumento de 7%, metade deverá vir de novos negócios gerados pelos sistemas bicombustível.