O aprimoramento das ferramentas de agricultura de precisão e o ganho de escala na produção das mudas pré-brotadas (MPB), vem fazendo com que o plantio de cana-de-açúcar via método inter-rotacional ocorrendo simultaneamente (MEIOSI), ganhe cada vez mais protagonismo no setor sucroenergético.
De acordo com dados do levantamento de acompanhamento (portanto, dados preliminares) do Pecege, na safra 2018/2019, cerca de 20% do plantio no centro-sul canavieiro foi realizado a partir da prática.
Essa prática foi idealizada na década 80 (sim, não é novidade) pelo agrônomo José Emílio Teles de Barcelos. Em termos econômicos, a principal vantagem atribuída ao método é a redução dos custos operacionais, ocasionado, principalmente, pela otimização da logística e consumo das mudas.
Na mesma pesquisa citada anteriormente, dados do Pecege revelam que esta economia varia, em média, de 25 a 35%. Uma redução significativa, especialmente diante do contexto de alta de custos e queda de produtividade.
A temática, apesar de, novamente, não ser novidade, acaba sendo nebulosa para muitos, principalmente no aspecto econômico e determinação dos custos operacionais, de forma que esta foi a motivação para escrever este artigo.
Mas, antes de iniciar a linha de raciocínio, algumas observações:
1. O objetivo do artigo é, sobretudo, discutir a lógica por trás da alocação dos custos e não os valores propriamente ditos. Portanto, os valores elencados, apesar de próximos à realidade, são fictícios. Destaco ainda, que parte das referências obtive do trabalho de conclusão de curso do bixo “Aiai” (Otavio Tambellini Perina), que foi orientado pelo amigo e professor Fábio Marin. O bixo “Aiai” é filho do querido Ismael Perina, produtor rural, figura conhecida no setor sucroenergético e um dos grandes entusiastas da MEIOSI. Um abraço a vocês.
2. Apesar da técnica tratar de “inter-rotação ocorrendo simultaneamente”, portanto, integrando outra cultura em paralelo – em geral, soja – a análise não contempla eventuais custos ou receita oriundos da cultura em rotação. Portanto, não é um exercício completo do sistema, mas apenas do que remete à cana-de-açúcar.
3. Não sei exatamente qual é o termo técnico correto para definir os elementos da MEIOSI, de modo que vou me referir a eles ao longo do artigo da seguinte maneira: i) área total – trata-se da área como um todo; ii) linhas-mãe – é a proporção da área destinada ao plantio das linhas que dão origem às demais; iii) linhas-filha: são as fileiras plantadas a partir da desdobra das linhas-mãe. Para ajudar na compreensão, segue uma ilustração:
Passo a passo
Feitas as considerações, segue um passo a passo para determinação dos custos da MEIOSI.
No caso, o exercício foi realizado utilizando o Excel, de modo que eventuais referências que apareçam entre parênteses, referem-se às posições relativas das células no modelo.
Além disso, faço na planilha uma diferenciação (aliás, essa é uma boa prática recomendada no Excel, facilitando a didática) por cores entres as células de entrada e saída, sendo que as premissas estão em verde e os resultados em branco.
Passo 1 – Dimensionar a estrutura da MEIOSI
Inicia-se o dimensionamento da MEIOSI pela determinação da taxa de desdobra (B4) que, posto de outra forma, significa quantos hectares de linhas-filha são possíveis plantar (ou desdobrar) a partir das linhas-mãe.
Portanto, é necessário relacionar a produtividade da linha-mãe (B2) com a dose de muda (B3) a ser utilizada na desdobra.
Neste sentido, como as variáveis são inversamente proporcionais, quanto menor a dose de mudas, mais linhas se planta com a mesma linha mãe.
Vale ressaltar que neste exercício a quantificação da dosagem foi tratada de forma simplificada e que, na prática, deve-se levar e consideração uma série de fatores como quantidade de gemas por colmo, comprimento dos colmos, etc.