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SISTEMAS DE PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS PARA ARMAZÉNS DE AÇUCAR A GRANEL

Neste artigo, abordaremos os sistemas de proteção e combate para armazéns de açúcar. A armazenagem de açúcar nas usinas é feita através de armazéns em alvenaria sendo observado também em algumas unidades armazéns lonados e infláveis.

SISTEMAS DE PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS PARA ARMAZÉNS DE AÇUCAR A GRANEL

Os sistemas de SCI – Segurança Contra Incêndios nos estabelecimentos industriais sempre foram encarados pelos gestores empresariais como uma despesa e não como um investimento. Em função dessa visão, tais sistemas quase sempre ficam relegados a uma eventual disponibilidade de recursos financeiros alocados nos “CAPEX” anuais das unidades produtoras. E esses recursos, principalmente nas plantas mais antigas, advém da obrigatoriedade de implantação após a celebração de TAC – Termo de Ajuste de Conduta da empresa com o Ministério Público, com prazos de execução e implementação em alguns casos, superiores a 8 anos. Com isso, a empresa “ganha” um tempo, distribuindo essa despesas ao longo de algumas safras, conseguindo a manutenção da Licença de Funcionamento sem o AVCB – Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros.

Neste artigo, abordaremos os sistemas de proteção e combate para armazéns de açúcar. A armazenagem de açúcar nas usinas é feita através de armazéns em alvenaria sendo observado também em algumas unidades armazéns lonados e infláveis. As definições técnicas para este tipo de armazenagem, como também para outros tipos de cereais e outros derivados tais como soja, milho, farinha, etc e outros produtos que geram um ambientes potencialmente explosivos, levando ao conceito de área classificada, é abordada pela IT 27 – Instrução Técnica N° 27 – Armazenagem em Silos. A armazenagem é feita de 2 formas distintas : in bags e a granel. Para a armazenagem in bags, o projeto deverá atender os requisitos para Depósito – divisão J-4, como também serem observadas limite máximo da área construída para atendimento à IT 09 – Compartimentação Horizontal e Compartimentação Vertical. Para armazenagem a granel, objeto principal dessa abordagem, além do atendimento pleno das ITs acima mencionadas e outras correlacionadas, o projeto deverá atender também os requisitos da CT 037 – Consulta Técnica N° 037/600/15 – Armazenamento de Açucar. Tais novos requisitos surgiram após os acidentes no porto seco da Agrovia em Santa Adélia – SP e nas instalações da Copersucar no Porto de Santos – SP, ocorridos no decorrer do ano de 2013, sendo o acidente em Santos de grandes proporções pois danificou seriamente 3 dos 5 armazéns da empresa que juntos, tinham uma capacidade de armazenamento de 242 mil toneladas de açúcar a granel, além dos danos ambientais graves observados nos 2 casos.

A partir desse novo entendimento, os requisitos para a armazenagem de açúcar a granel passou de Depósito – divisão J-4 para Silo – divisão M-5, classificação esta que demanda requisitos técnicos adicionais como controle de fontes de ignição, controle de pós, SPDA – Sistema de Proteção Contra Descargas Atmosféricas, dentre outros.

Além das medidas de segurança associados à divisão M-5 da tabela 6M.5 do Decreto Estadual 63.911 de 10/12/2018, a CT 037 acrescenta diversas medidas de segurança adicionais tais como:

  • Projeto para a contenção dos resíduos provenientes do incêndio
  • Proteção por cabos sensores nas esteiras transportadores a elevadores de caneca
  • Chuveiros automáticos com sistema de dilúvio nas esteiras transportadores a elevadores de caneca
  • Proteção e monitoramento do aquecimento dos mancais dos eixos do acionamento e do tambor, com intertravamento elétrico do sistema, com desligamento automático e manual
  • Detecção interna ao silo por sistema de detecção de incêndio
  • Proteção interna ao silo por sistema de canhões monitores auto oscilatórios, com acionamento automático e manual
  • Etc

Podemos observar com as medidas acima, a preocupação mais clara com os danos ambientais causados pelos resíduos gerados pelas operações de combate, notadamente com a formação de um rescaldo de açúcar queimado na forma líquida e sólida. A não contenção adequada no local ou direcionamento para uma bacia de contenção a distância desse rescaldo, poderá dispersá-lo pelas galerias pluviais da planta canalizando tais efluentes para os cursos de água próximos, gerando contaminação e mortandade de flora e fauna dos mesmos, além de inibir a utilização da água para outros usos.

A implementação de recursos para detecção e combate direto nos equipamentos que geram atrito mecânico, como os transportadores e elevadores de caneca, aumenta a rapidez da detecção e combate nos mesmos, minimizando os danos materiais e tempo de parada, além de evitarem a propagação para outros equipamentos ou silos, fato este ocorrido no acidente da Copersucar onde o fogo iniciou-se na TCG-21, atingindo o Armazém 20/12 através dos ELG 21 e posteriormente o Armazém XI através dos ELGs 06/07. A partir desse ponto, através das TCG´s 14/14 e TCG29, o fogo chegou até o Armazém XXI, tendo a conexão final pelos ELGs 10/11, como pode ser visto na figura abaixo. Os Armazéns VI e XVI não foram atingidos pelo incêndio porém foram danificados pela queda das galerias que conectavam os armazéns.

A instalação dos canhões monitores auto oscilatórios internamente aos armazéns propicia um combate efetivo sem a intervenção direta das equipes da Brigada de Incêndios e do Corpo de Bombeiros, exceto no eventual acionamento manual dos dispositivos de comando dos mesmos, disponibilizando esses profissionais para outras ações complementares. A 3 Fire Engenharia e Sistemas Contra Incêndios tem desenvolvido e executado diversos projetos no mercado sucroalcooleiro com esse tipo de aplicação, inclusive com o desenvolvimento de comportas fixas e móveis totalmente estanques para aplicações onde não é possível construir uma bacia de contenção ou canalizar os resíduos para uma bacia a distância. Além de projetos para AVCB e executivos, a 3 Fire tem também desenvolvido projetos especiais para atendimento de requisitos de Seguradoras, notadamente com enfoque em normas NFPA e FM Global.

Francisco A. Furtado Jr. – Eng° Eletricista e de Segurança do Trabalho – Diretor 3 Fire

Fábio A. Abenza Furlanetti – Eng° Civil, de Segurança contra Incêndio e de Segurança do Trabalho – Diretor 3 Fire

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