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Energia Alternativa

A geração de eletricidade por sistemas híbridos, que combinam painés solares, conversores eólicos e ainda um motor a diesel de reserva para garantir energia quando o sol está encoberto, é o resultado prático da cooperação entre a Petrobras e a Universidade Federal do Pará para criar soluções eficazes para o abastecimento de luz e força nas comunidades isoladas da Amazônia. Testes bem-sucedidos mostraram que as famílias de vilarejos remotos agora gastam menos com essa energia, produzida de fontes limpas e renováveis, do que costumavam pagar mensalmente para queimar velas, pilhas ou até baterias de automóveis adaptadas para garantir a iluminação doméstica.

Desenvolver novas fontes de energia faz parte da visão de longo prazo da companhia. São dessa área 30 projetos de pesquisas, alguns em parceria com universidades brasileiras. Num país dotado de abundância de matéria orgânica, a Petrobras busca aproximar-se do setor agrícola. Em parceria com produtores de oleaginosas e de cana-de-açúcar, trata de obter matéria-prima mais competitiva para alguns projetos de combustíveis renováveis.

O primeiro passo, já em fase de implementação, é a construção de uma unidade de biodiesel no Rio Grande do Norte. Lá se fará em escala semi-industrial, com tecnologia da Petrobras, o aproveitamento da mamona para diversos fins, além da produção de combústivel. A casca vira adubo; a polpa, ingrediente para ração animal; do óleo se faz glicerina e biodiesel. “A Petrobras não vai plantar mamona, mas oferecer uma possibilidade de receita para quem o fizer”, explica Ildo Sauer, diretor da área de gás natural e energia. O projeto é tocado em parceria com a Embrapa, que domina a tecnologia na área agrícola. Investimentos em energias alternativas, que vão desde as complexas células combústíveis, concebidas para trabalhar com hidrogênio e consideradas a solução com maior potencial a longo prazo, até o melhor uso das características climáticas do Nordeste, onde o vento forte do mar é constante em vários Estados, devem consumir 0,5% do orçamento da companhia. ” O grande papel da Petrobras tem sido o de dar respostas aos desafios energéticos do Brasil. E não será diferente quando começa a se vislumbrar o ocaso da era Petróleo”, diz o diretor Sauer.

Ele acredita que o fim da era petróleo não depende do esgotamento total das reservas mundias e quer posicionar a Petrobras na ponta da pesquisa de novas alternativas. “A idade da pedra lascada não acabou por falta de pedra. E a era do carvão não acabou por falta de carvão”, compara. Até o álcool combustível, experiência brasileira que andava meio esquecida desde a década de 90, voltou à pauta e figura no programa conjunto com a Embrapa para a ampliação da produção e venda do combustível a países que precisam reduzir emissões se quiserem respeitar o protocolo de Kioto. Nesse caso, a Petrobras entra com a credibilidade nos mercados internacionais e com a experiência no comércio externo de combústiveis.

Outras tecnologias, como as energias solar e eólica, também estão em estudo. Ainda neste ano, a companhia inaugura uma unidade piloto de geração eólica, também no Rio Grande do Norte, que abastecerá suas atividades de exploração e produção na região. É uma unidade capaz de gerar 1,8 MW com três geradores, o que já remete essa instalação para fora da lista das pequenas geradoras. Pesquisadores brasileiros descobriram que os ventos ali dominantes sopram de forma constante, sem as rajadas características do clima europeu, onde surgiram os primeiros modelos de aerogeradores. Com base nessas observações, uma versão local da máquina aumentou a produtividade em 10%.

É para estudar cada uma dessas tecnologias em profundidade, antes de lançá-las em operações de grande porte, que os cientistas da Petrobras tratam de prová-las no cotidiano da empresa. O Centro de Pesquisas da Petrobras, no Rio de Janeiro, terá ainda neste ano uma serviço de iluminação alimentado por células fotovoltaicas com capacidade de 45KW. Em alguns anos, todos o complexo de pesquisas será auto-suficiente com a instalação de diversas fontes de energia: co-geração, microturbinas, células de combústivel, trocadores a gás, células solares e o já mencionado sistema fotovoltaico.

Para se tornar mais eficiente na geração de energia, a companhia também busca maneiras de reduzir o consumo de petróleo dentro de casa. Apenas referência, toda a produção brasileira de óleo bruto era de 170 mil barris diários em 1980 e, atualmente só o consumo próprio passa dos 210 mil barris a cada dia. A introdução acelerada de fontes alternativas e renováveis de energia na matriz interna é o caminho mais rápido para dar conta desse compromisso. Por isso mesmo, conservação de energia e o desenvolvimento das fontes renováveis fazem parte da mesma área corporativa.