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Biocombustível tem R$ 7,2 bi do BNDES

A carteira de financiamento do BNDES para a área de biocombustíveis já soma R$ 7,2 bilhões. São 62 projetos de produção de etanol de cana e de biodiesel, cujos investimentos totais (a parte financiada, mais a das empresas) correspondem a R$ 12,2 bilhões. “Os desembolsos têm dobrado a cada ano”, disse o diretor da área social do banco de fomento, Élvio Gaspar, ressaltando que o segmento tornou-se prioridade nas políticas de financiamento.

No ano passado, o BNDES desembolsou R$ 2,1 bilhões para os biocombustíveis; em 2005, foram R$ 1 bilhão. A maior parte dos recursos tem sido destinada aos projetos de usinas de cana-de-açúcar. Dos R$ 7,2 bilhões em financiamentos previstos na carteira do BNDES, R$ 6,6 bilhões vão para etanol. Conforme Gaspar, o banco fixou critérios de proteção ao meio ambiente e de condições de trabalho para conceder crédito às usinas. Em relação ao meio ambiente, técnicos do BNDES visitam as áreas onde os empreendimentos serão instalados antes de aprovar o financiamento, afirmou.

Na parte trabalhista, o banco instituiu uma regra de cancelamento do contrato no caso de ocorrência de trabalho análogo ao escravo. A norma vale desde o ano passado, mas não houve qualquer ocorrência até o momento.

Em seminário sobre agroenergia e os impactos sobre os ecossistemas brasileiros realizado ontem na sede do BNDES, no Rio, o ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues defendeu a criação de um comitê executivo, vinculado à Presidência da República, somente para tratar dos biocombustíveis. Para ele, o Brasil precisa ter um órgão que defina junto com o setor privado as políticas para a área, como a quantidade da produção e os mercados a serem atendidos. Rodrigues ressaltou, ainda, a importância de um zoneamento agrícola para a cana para orientar políticas, incluindo as de financiamento da produção.

“Temos a chave para mudar a civilização através de uma energia limpa, justa e com distribuição de renda”, disse o ex-ministro da Agricultura. Para ele, o desenvolvimento do plantio de cana pode ser um vetor de redução da desigualdade, em um modelo no qual o usineiro ficaria apenas com a usina e as terras seriam dos pequenos produtores rurais. Para lidar com os problemas ambientais ligados à atividade, como as queimadas, o ex-ministro sugere a implementação de certificações de qualidade e de preservação do meio ambiente para as usinas em operação.