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Álcool: ministro culpa estoques

O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, atribuiu a persistência da alta do preço do álcool combustível nas bombas à existência de estoques antigos, adquiridos pelas distribuidoras antes do acordo com os produtores — que fixou o preço do anidro (misturado à gasolina) em R$ 1,05, na semana passada. Ele disse ontem que o consumidor somente sentirá os efeitos positivos da medida depois que esses estoques forem usados.

Este também é o argumento do setor privado. Mas, ao contrário do governo, os empresários prevêem novos aumentos, sob alegação de que há estoques de produto fraudado (anidro com água, sendo vendido como hidratado e sem impostos). O setor estima que 25% da produção sejam clandestinos.

— É preciso consumir esse estoque, para que o reflexo do preço que já caiu na usina surja na bomba — disse Rodrigues, destacando que o anidro fechou a semana passada em R$ 1,04, abaixo do teto negociado com o governo no atacado.

Nas contas da Agricultura, a queda dos preços, decorrente do acordo com os usineiros, poderá atingir até cinco centavos nas bombas em uma semana. Mas a previsão não considera a apropriação de ganhos por parte de outros elos da cadeia produtiva (distribuidoras e postos).

— Os preços podem continuar subindo. Antes, a média era fortemente influenciada pelo produto fraudado e, mesmo com a estabilização dos valores nas usinas, eles continuarão em alta, pois agora se paga imposto — rebateu o presidente do Sindicato das Distribuidoras de Combustíveis (Sindicon), Alísio Vaz.

Desde a primeira semana de janeiro, passou a ser adicionado um corante ao álcool anidro, que é misturado à gasolina, para evitar que seja vendido como álcool hidratado com a adição de água. O álcool adulterado é vendido a preços muito baixos nos postos, inferiores até ao preço de venda do usineiro à distribuidora, o que puxava a média para baixo. Já a gasolina, que tem 25% de anidro, ainda não baixou preços, dizem as distribuidoras, devido aos estoques que cada uma tinha na ocasião do acordo do governo com os usineiros.