O presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Evandro Gussi, defende a manutenção da taxação sobre o etanol importado. E garante: há tempo suficiente para a Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio) entrar em vigor a partir de janeiro de 2020, como previsto.
Confira estas e outras posições de Gussi em entrevista exclusiva para o JornalCana publicada na edição impressa deste mês de março.
Sobre o Congresso e o RenovaBio:
Como o sr. deve conduzir as relações da UNICA com o Governo federal e com o Congresso Nacional?
“Temos trabalhado para garantir regras claras e previsíveis para o setor. A minha intenção é manter os relacionamentos já construídos pela UNICA e intensificar o trabalho de relações institucionais, sempre seguindo uma cartilha estrita de compliance. Nosso maior objetivo é garantir que o RenovaBio se torne realidade.”
Há tempo de o RenovaBio entrar em vigor em janeiro de 2020, como previsto no cronograma inicial?
“Sim. Até agora todas as datas legais foram cumpridas. Estamos identificando um grande comprometimento das instâncias competentes com o cronograma estabelecido.”
Safra 19/20:
O açúcar, que vem de anos de superávit de oferta mundial, cedeu o mix para o etanol nas unidades durante a safra 18/19. Em sua opinião, a safra 19/20 tende novamente a ser mais alcooleira?
“Dado os preços do açúcar no mercado internacional, desde setembro de 2017 as empresas aumentaram a produção de etanol e reduziram a de açúcar. No período de abril de 2018 a janeiro de 2019, a remuneração do etanol hidratado teve um preço relativo 19% superior ao açúcar VHP no mercado externo e o etanol anidro de 26%. O resultado financeiro das empresas variou conforme a flexibilidade de cada unidade de produzir mais ou menos açúcar.
São muitos fatores a serem levados em conta para fazer previsões para a nova safra, alguns deles ainda indefinidos. Contudo, a percepção neste momento dos agentes de mercado é de que possamos ter um preço de açúcar um pouco melhor no cenário internacional, pela tendência de reversão do quadro de superávit para déficit. Se essa previsão se consolidar, é possível que haja uma reversão para açúcar na próxima safra.
De todo o modo, é cedo para fazer uma projeção assertiva do que vai acontecer no mercado mundial e englobando todos os demais fatores, como taxa de câmbio, preço do petróleo, condições dos canaviais etc. O período da safra mundial de açúcar é de outubro a setembro e o nosso é de abril a novembro, então teremos um cenário mais definido em setembro de 2019, quando começará a nova safra mundial.
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