Julio Maria M. Borges*
Concentração de oferta é algo que temos visto com frequência em diversos setores da atividade econômica. Fusões & Aquisições têm ocorrido e isto leva à formação de grandes grupos e à concentração da oferta, com consequentes criação de oligopólios, nada bom para o consumidor.
A safra atual: clima
Em Fevereiro/19 tivemos chuvas próximas da média no CSUL canavieiro, o que alivia o período relativamente seco observado na safra entre Abril/18 e Janeiro/19. Neste, quando se espera a maior quantidade de chuva do ano, choveu praticamente 50% do normal.
E daí? O que se esperar da nova safra 2019/20 ?
Tudo indica que o déficit hídrico no acumulado do ano safra será amenizado com chuvas em Março19 também na faixa da normalidade.
De qualquer forma e na melhor das hipóteses, o clima deve prejudicar o rendimento agrícola da nova safra 2019/20, que começa no próximo Abril. Isto porque, além de chuvas acumuladas abaixo da média, o regime de chuvas foi muito irregular, tanto ao longo do tempo como entre áreas da região CSUL… É, o clima tem sido surpreendente, em geral para atrapalhar.
A safra atual : preços
O açúcar de mercado interno, que remunerou o produtor mais que o açúcar de exportação, está com preço médio no período Abril/18-Fev19 próximo daquele da safra passada. Ou seja, algo próximo de R$ 57,00/saca 50kg. O preço mínimo da safra de R$ R$ 47,00/saca ocorreu em Agosto/18 e o preço máximo de R$ 65,00/saca ocorreu recentemente ao longo dos dois últimos meses do ano passado.
Este preço de R$ 57,00/saca 50kg cobre os custos médios de produção da safra 2018/19? Cobre praticamente as despesas e depreciação. Ou seja, o juros da dívida não seriam cobertos ou a reposição do ativo fixo não seria feita adequadamente.
No caso do etanol a situação não é diferente. O preço médio no período Abril/18-Fev19 foi cerca de 5% acima daquele da safra passada.
Para o etanol hidratado observamos um preço líquido de impostos de R$ 1,60/litro. Este preço, tal como no açúcar de mercado interno, cobre despesas e depreciação. E só. No caso do etanol anidro, este teve seu preço médio 10% acima do hidratado, o que melhora pouco a situação, mas não resolve a questão de pagar os juros da dívida.
O futuro
A situação de preços que não cobrem a totalidade dos custos não é boa para o setor de forma geral e nem é inusitada. Nos últimos anos esta situação tem sido verificada com frequência. Quando não se cobre a totalidade dos custos não há projeto novo (Greenfield) e isto pode inibir o crescimento da oferta no médio e longo prazo.
Até agora falamos de custos e receitas médias.
A situação para as usinas mais eficientes é bem diferente . Suas receitas são mais diversificadas e maiores e seus custos são menores. Estas empresas estão se capitalizando e serão os sobreviventes do setor. A consequência disto será uma oferta, no médio prazo, crescente e mais concentrada, com players maiores e mais capitalizados.
Este e outros assuntos de natureza estratégica serão discutidos em nosso próximo 18º Seminário sobre Estratégias Empresariais para Açúcar e Etanol. Será realizado em 05 de Abril próximo no Hotel Intercontinental em São Paulo-Capital.
*Sócio-Diretor da JOB Economia e Planejamento
Email: [email protected]
Site: www.jobeconomia.com.br
Artigo originalmente disponibilizado no blog da cana