A falta de dados confiáveis contribui para a instabilidade. O Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes (Sindicom) estima que 20% do consumo é informal, o que prejudica projeções sobre a demanda. Além disso, não há controle oficial sobre os dados de produção e estoques internos das usinas. Até o ano passado, a Agência Nacional do Petróleo (ANP), órgão regulador do setor de combustíveis, só regulava o mercado de álcool a partir da etapa da distribuição.
“Só agora estamos começando a regulamentar questões relacionadas à produção”, diz o superintendente de Abastecimento da agência, Roberto Ardenghy, citando a adição de corante ao álcool anidro, em vigor desde sexta-feira, como primeira medida neste sentido.
O próximo passo é criar um acompanhamento diário de estoques, movimentação e vendas do produto, chamado Demonstrativo de Controle de Produtos (DCP), que vai subsidiar o planejamento do setor. O DCP já compila dados sobre a venda de gasolina e diesel, por exemplo, funcionando como um raio-X do mercado. A idéia de Ardenghy é dar ao álcool o mesmo tratamento dispensado aos derivados de petróleo, cuja regulação é facilitada pela hegemonia da Petrobrás na etapa da produção.
Ardenghy admite que o desenvolvimento de um arcabouço regulatório para o setor vai demorar. “Os usineiros estão mais acostumados com o Ministério da Agricultura do que conosco”, diz.