Fontes renováveis como os biocombustíveis serão estratégicas para os veículos elétricos e híbridos gerarem emissão menor de gases de efeito estufa (GEE).
Esses veículos chegam ao mercado embalados no mote de modelos antipoluentes, mas em todo o seu ciclo de vida (produção, uso e destinação final) são potenciais geradores de GEE.
A geração de poluentes ocorre, por exemplo, durante a fabricação das baterias, que resultam em emissões adicionais de GEE.
“No caso das baterias de íon-lítio, as emissões de GEE são estimadas em cerca de 15% maiores que as dos veículos a gasolina de mesmo porte”, destaca o estudo Eletromobilidade e Biocombustíveis, da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), do Ministério de Minas e Energia (MME), com base na literatura relacionada ao tema.
Já a etapa de utilização dos veículos elétricos é a maior responsável pelas emissões de GEE do ciclo de vida, conforme o estudo, porque depende da intensidade de emissões da matriz elétrica de abastecimento.
“Logo, a substituição de veículos movidos a derivados de petróleo por veículos híbridos e elétricos somente representará uma diminuição na emissão de GEE se a geração elétrica utilizar fontes renováveis e/ou de baixo carbono”, relata o estudo da EPE.
As termelétricas movida a biomassa de cana-de-açúcar estão entre as geradoras de eletricidade que integram a avaliação da EPE.
Em resumo, os ganhos com as baterias elétricas não alteram significativamente o valor total do ciclo de vida desses veículos.
O estudo da EPE também destaca os ganhos dos veículos elétricos. Nos Estados Unidos, por exemplo, a redução de emissão de GEE do ciclo de vida de veículos elétricos em comparação com veículos a gasolina foi cerca de 50% menor.
“Portanto, o potencial de redução de GEE na matriz elétrica brasileira pode ser muito maior pela elevada participação dos renováveis”, relata a EPE.
Outros empecilhos
O estudo da EPE lembra que, se forem levados em consideração outros integrantes do ciclo de vida dos veículos elétricos, eles perdem suas vantagens no foco de redução de emissão de GEE.
Estão entre esses integrantes, por exemplo, incluir ou não os impactos de mineração (para coletar as matérias-primas das baterias) e da coleta, reciclagem e descarte das baterias. São itens que ajudam a reduzir os ganhos de emissões.
A EPE aponta também ser preciso considerar a distância média percorrida e a duração da vida útil dos veículos (que podem incluir novas baterias e suas emissões associadas na avaliação). “Podem afetar os resultados da análise de ciclo de vida e trazer implicações de políticas públicas”, relata o estudo.
Em seu levantamento, entretanto, a empresa do Ministério de Minas e Energia destaca a importância dos veículos híbridos e elétricos para contribuir com o equacionamento das mudanças climáticas, da poluição local e da segurança energética (redução da dependência do petróleo).