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Para Rodrigues, 2005 foi "o pior dos mundos"

“Graças a Deus, 2005 está acabando.” Com essa frase, o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, sintetizou o desempenho do agronegócio neste ano. A declaração foi feita para uma platéia de investidores estrangeiros na manhã de ontem em São Paulo, durante encontro que reuniu diversos ministros e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

“Foi o pior dos mundos”, avaliou Rodrigues. “Tivemos uma conjunção de fatores dramáticos. Aumentou o endividamento, a renda caiu, houve uma redução de área plantada de 5%, a do padrão tecnológico foi muito maior que isso”, afirmou. De acordo com o ministro, o PIB agrícola deve ter uma perda de R$ 17 bilhões neste ano. Essa retração da atividade agrícola ajudou a pressionar para baixo o PIB total no terceiro trimestre deste ano.

Para 2006, Rodrigues projeta um panorama bem mais otimista para a agricultura. “Em 15 anos, vamos aumentar 50% a nossa área cultivável. Estamos num processo absolutamente fantástico.” No caso do açúcar, impulsionado principalmente pela produção de etanol, Rodrigues estima que haverá um crescimento de 15 milhões de toneladas nos próximos dez anos. Na questão de sanidade animal, o ministro disse que o governo vai lançar nesta semana um programa de rastreabilidade.

Mas, segundo Rodrigues, a confirmação dessas expectativas depende da ampliação do que chamou de “políticas anticíclicas” para a agricultura. “A agricultura sempre foi uma questão cíclica no Brasil”, avaliou. Para evitar essas oscilações -fartura quando os preços das commodities estão em alta e quebradeira quando há algum revés internacional ou climático-, Rodrigues enfatizou que é preciso mais instrumentos de proteção para os produtores, como seguro rural e mesmo um volume maior de concessão de créditos. “Neste ano, faltou recurso para o custeio.”

À tarde, em mais uma rodada de apresentações para investidores, o ministro decidiu se concentrar nos avanços no Brasil no setor de biodiesel. Entre as projeções mostradas, o ministro destacou que, atualmente, mais de 70% das vendas de carros novos no Brasil são de veículos com motor bicombustível (álcool e gasolina).