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Países em desenvolvimento buscam parceria com o Brasil

África do Sul e Camarões querem apoio brasileiro para desenvolver seus setor energético. A decisão do governo brasileiro de incentivar a realização de um evento internacional do setor elétrico no Brasil deve render bons frutos, seja do ponto de vista das relações internacionais como também para futuros negócios de empresas brasileiras. Representantes dos Camarões e da África do Sul aproveitaram a participação na primeira assembléia da Aliança Global para Universalização da Energia (Global Village Energy Partnership – GVEP), realizada semana passada em Brasília, para negociar parcerias junto ao Ministério de Minas e Energia.

O Camarões quer o auxílio do Brasil na elaboração de um sistema regulatório para o setor elétrico do país. “Queremos estruturar o setor de energia no Camarões, definir a atuação dos diversos segmentos e criar as instituições necessárias para que o país seja atrativo a investidores”, afirmou Justin Ntsama, coordenador da agência de eletrificação rural camaronesa.

As três alterações feitas no modelo regulatório brasileiro ao longo dos últimos dez anos, que fizeram os investimentos estrangeiros no setor elétrico brasileiro reduzirem, não são consideradas determinantes para os representantes do governo camaronês. “O Brasil tem muita experiência na criação de regras setoriais, que hoje apresentam uma estrutura forte. Queremos conhecer tudo isso”, disse.

Ele ressaltou que assim como o Brasil, existe no Camarões empresas privadas e públicas, o que dificulta a definição de leis. A norte-americana AES detém a concessão de todo o serviço de distribuição no país, que hoje atende a cerca de metade dos 16,4 milhões habitantes.

Ntsama disse que também está interessado em conhecer melhor o programa brasileiro de eletrificação rural, “Queremos saber melhor sobre esses encargos setoriais que geram um fundo para arcar com parte dos custos”, comentou.

A expectativa do governo camaronês é de que até o final do ano seja assinado um acordo. Além da cooperação, o país espera que empresas brasileiras invistam lá por meio da aquisição de concessões de linhas de transmissão e novas usinas, além da implantação de fábricas de equipamentos. “Hoje importamos os equipamentos da Europa, mas o custo é muito alto. Poderíamos passar a importá-los do Brasil e quem sabe futuramente as empresas possam se instalar lá.”

Fontes renováveis

A África do Sul está interessada nos programas de energia alternativa brasileiros, como o etanol e o biodiesel. Preocupado com o alto desemprego no país, de cerca de 30%, e com o aumento do custo do petróleo e derivados, o governo sul-africano busca alternativas renováveis e auto sustentáveis em substituição ao querosene e a parafina hoje utilizados.

Em visita ao Brasil para a assembléia do GVEP, a vice-ministra de Minas e Energia da África do Sul, Lulu Xungwana, articula uma parceria com o Brasil para o desenvolvimento de programa de produção de etanol e biodiesel em seu país. “Já fazemos pesquisas com álcool de cana-de-açúcar e diesel a partir de girassol e soja, mas sabemos que o Brasil já desenvolveu muita tecnologia nesta área e queremos conhecê-la”, resumiu.

Esta semana a vice-ministra e uma comitiva de seu país visitam a Petrobras e algumas unidades de produção do álcool. Ela explicou que, diferente do Brasil, na África do Sul a idéia inicial é usar o etanol para cocção e aquecimento.

kicker: A regulação brasileira, eletrificação rural, e os programas do álcoole do biodiesel são os que mais interessam aos países africanos