O governo agora espera que as exportações brasileiras atinjam o patamar de US$ 117 bilhões este ano, mas é bem possível que ultrapassem esse valor e alcancem os US$ 120 bilhões antes previstos para 2006. O bom momento da economia mundial certamente foi decisivo para esse desempenho das exportações, mas não explica tudo. Faz algum tempo que empresas brasileiras adotaram uma postura agressiva em relação ao mercado externo e o resultado disso está sendo colhido (e literalmente, no caso da agricultura)

Houve uma grande transformação no chamado agronegócio, a ponto, por exemplo, de o Brasil ter deixado de ser um grande importador de algodão para exportar a mesma quantidade já no ano que vem, invertendo os sinais. Além da soja, do açúcar e do café, o Brasil assumiu a liderança das exportações de carne no mercado mundial.

Na cadeia produtiva do aço, incluindo os minérios, o Brasil também se destaca. As vendas de veículos para o exterior devem atingir US$ 11 bilhões este ano e, se a esse valor forem acrescidos autopeças avulsas, motores e pneus, chegaremos a mais de 15% do total das exportações. E devido ao aumento da produção de petróleo, o Brasil, que era tradicional importador, está se tornando exportador nesse campo, abrindo simultaneamente espaço para a venda de álcool carburante.

Nesse sentido, não é mais um sonho que o Brasil venha exportar ainda nesta década um montante de US$ 150 bilhões anuais, número que muitos especialistas se referiam no passado como o capaz de inserir a economia do país realmente entre as que têm maior relevância no mercado global.

Mas para que esse crescimento não seja estancado, o Brasil terá de investir em infra-estrutura, especialmente no sistema de transportes. Como o setor público não tem recursos para tal, a alternativa está em se ampliar as concessões para a iniciativa privada. Rodovias, ferrovias, hidrovias e terminais portuários hoje sob administração privada vêm funcionando de maneira eficiente e talvez por isso os gargalos internos estejam sendo contornados. No entanto, o que permanece sob administração pública fica a desejar.