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Rio Grande do Sul terá o maior parque eólico do País

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciou ontem a liberação de R$ 465 milhões para a construção no Rio Grande do Sul do maior parque eólico do País, com capacidade para gerar 150 megawatts (mW) e investimentos totais de R$ 670 milhões. O projeto faz parte do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia (Proinfa), do governo federal, e deve entrar em operação até dezembro de 2006. Segundo o vice-presidente do BNDES, Demian Fiocca, trata-se do segundo maior parque eólico do mundo.

O projeto apoiado pelo BNDES pertence a Ventos do Sul Energia S.A., empresa controlada pela espanhola Elecnor, com participação do fabricante de aerogeradores alemão Wobben Windpower. Segundo as regras do Proinfa, a companhia terá um contrato de 20 anos de venda de energia para a Eletrobrás. “É um projeto de governo importante para diversificar a matriz energética e garantir a geração de energia em áreas isoladas da rede elétrica”, apontou Fiocca, destacando que o financiamento ao setor energético está entre as prioridades do banco de fomento.

Só do Proinfa são 17 projetos em análise: cinco pequenas centrais hidrelétricas, seis usinas a biomassa e seis pequenos parques eólicos. O BNDES criou uma linha especial para o programa, com prazo maior para amortização (de até 12 anos) e participação em até 80% dos equipamentos financiados. A remuneração é corrigida pela Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) mais spread de até 3,5% ao ano. Na opinião de Fiocca, tais condições permitirão uma redução no preço das tarifas, já que o investidor terá um serviço de dívida anual menor do que se pegasse dinheiro em condições normais, com prazo de amortização entre 5 e 7 anos.

O banco desenvolve ainda uma linha específica para o leilão de energia nova, que será promovido pelo Ministério de Minas e Energia no final do ano. O vice-presidente da instituição, porém, não quis adiantar detalhes sobre a modelagem em estudo. Outra linha está sendo trabalhada para o leilão de linhas de transmissão já anunciado pelo governo.

No financiamento a Ventos do Sul, empreendedores e BNDES atraíram um consórcio de cinco bancos, com o objetivo de reduzir os riscos da operação. A chefe do Departamento de Gás, Petróleo, Co-Geração e Outras Fontes de Energia do banco, Cláudia Prates, explicou que trata-se de um negócio novo para o banco e com o qual a área técnica “ainda está aprendendo” a lidar. Para avaliar o potencial gerador do parque eólico, o banco contratou a consultoria alemã Dewi, especializada no assunto.