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Aporte em biodiesel chega a R$ 240 milhões na Bahia

A Petrobras e o governo da Bahia firmaram ontem (dia 5) um protocolo de intenções para a realização de pesquisas e a instalação de uma usina de biodiesel à base de mamona no Estado. A parceria é resultado de um programa de incentivo desenvolvido pelo governo baiano desde 2003 e que neste ano atraiu investimento total de R$ 240 milhões, aportados por Petrobras, Dagris, Brasil Ecodiesel e um grupo paulista ainda mantido em sigilo.

Roberto Fortuna Carneiro, diretor de fortalecimento tecnológico e empresarial da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado, diz que até 2006 serão instaladas cinco usinas no Estado, com capacidade produtiva superior a 380 milhões de litros por ano de biodiesel – a maior parte obtida a partir do algodão. “É preciso descobrir usos para a glicerina e a torta de mamona obtidas a partir do esmagamento para que o seu biodiesel seja competitivo”. A Secretaria está investindo R$ 19 milhões no apoio a pesquisas sobre a viabilidade econômica do biodiesel.

A Petrobras informou, por meio de sua assessoria, que a empresa instalará neste ano uma usina de biodiesel à base de mamona na região de Salvador, com capacidade para 40 milhões de litros por ano. O investimento é mantido em sigilo. A estatal também quer instalar uma planta-piloto no sul da Bahia para avaliar a viabilidade da produção de biodiesel à base de óleo de palma (dendê).

Na quinta-feira, a Brasil Ecodiesel também deve fechar parceria para instalar uma unidade de biodiesel à base de mamona no Estado, com investimento e volume ainda não revelados. Já a empresa paulista cujo nome é mantido em sigilo anunciará neste mês investimento de R$ 40,5 milhões em uma usina de biodiesel de mamona com capacidade para processar 90 milhões de litros de biodiesel por ano.

Em maio, a francesa Dagris anunciou aporte de R$ 121,4 milhões na instalação de duas usinas (em Luís Eduardo Magalhães e na região metropolitana de Salvador), que produzirão 250 milhões de litros por ano de biodiesel de algodão e girassol, a partir de 2006.

Rafael Lucchesi, secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação da Bahia, observa que há uma preocupação do governo em atrair usinas para agregar valor à produção de mamona. O Estado é responsável por 79% da produção nacional da oleaginosa, com 162,4 mil toneladas colhidas na safra 2004/05, segundo a Conab. “Um dos desafios é fortalecer toda a cadeia, dando equilíbrio à relação entre a produção agrícola e a demanda das indústrias”, disse.

Lucchesi informou que o governo quer atrair usinas para regiões que já têm grandes áreas produtivas de mamona e girassol – como Irecê, Piemonte da Chapada e Paraguaçu – para a formação de arranjos produtivos locais (APLs). A meta é responder por pelo menos 29% da produção nacional de biodiesel prevista para 2007 – volume que atenderia toda a demanda do Nordeste.