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Congresso irá discutir o futuro dos biocombustíveis

Nesta terça-feira, Antonio Duarte Nogueira Júnior, secretário da Agricultura e Abastecimento do Governo de São Paulo, Prof. Dr. Miguel Dabdoub – presidente da Câmara Paulista dos Biocombustíveis, coordenador do Projeto BiodieselBrasil e “chairman” do Congresso, Ronaldo Knack – diretor do BrasilAgro e Feisucro, e José Danghesi – diretor da Alcantara Machado, estiveram reunidos para traçar um panorama do cenário que envolve os biocombustíveis, bem como lançar oficialmente o Congresso.

O Prof. Dabdoub chamou a atenção para as correções que precisam ser feitas nos marcos tributário e tarifário do biodiesel para viabilizar o Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB). “Estamos perdendo competitividade em razão dos preços defasados praticados pela Petrobras. O preço do diesel hoje é o mesmo que o praticado quando o barril do petróleo estava a US$ 35. Refinarias como a de Manguinhos e a do Grupo Ipiranga, em Rio Grande, estão sendo desativadas em razão do mesmo problema”, afirmou Dabdoub.

Ele também criticou a questão que envolve financiamentos do BNDES para a implantação de plantas de biodiesel: “Ninguém tomará empréstimos aos juros atuais para fazer investimentos.” Ele alertou que “o Brasil já está perdendo competitividade até para países como a Argentina, Paraguai, Bolívia e Colômbia, que já estão implantando programas de produção de biodiesel”.

O secretário Duarte Nogueira anunciou que, no prazo de 30 a 60 dias, começarão os testes de produção de biodiesel na primeira planta industrial do Estado, no município de Charqueada, região de Piracicaba. Mas fez um alerta: “O PNPB, como foi desenhado, impede a viabilização de se atingir, até 2008, a meta de produção de 800 bilhões de biodiesel, como quer o governo federal. O percentual de mistura de 2% de biodiesel ao diesel, tem que ser impositivo e não facultativo. Além do que, não pode tentar beneficiar determinadas regiões do país em prejuízo de todas as outras”, alertou.

Duarte Nogueira também elogiou a iniciativa da Alcantara Machado e do BrasilAgro na organização e promoção da Feisucro: “A feira e o seu conjunto de eventos paralelos reúnem o que temos de melhor nos apoios do conjunto da ciência e da competência brasileira na produção de biocombustíveis. E o mundo todo está atento e interessado na nossa bem-sucedida experiência e tecnologia de produção de combustíveis limpos e renováveis”.

Já Ronaldo Knack alertou para os riscos que a cadeia produtiva canavieira corre se não houver uma ampla discussão dos cenários e das perspectivas do setor. “Os fornecedores de cana estão descontentes com os usineiros e o Ministério da Agricultura já acena até com intervenção no setor em razão de divergências no Consecana”. Segundo ele, os problemas não acabam por aí. “O setor não consegue sensibilizar o governo para que se resolvam os impasses do açúcar aos níveis do Mercosul e da União Européia. Para o Banco Mundial, o setor sucroalcooleiro é concentrador de renda e não serve de modelo para outros países”, acrescentou.

Knack propõe que o Congresso Internacional de Biocombustíveis discuta entre os produtores nacionais e os 55 países que produzem cana e açúcar, uma política real de defesa do setor como cadeia produtiva. “Para os usineiros, a situação mais confortável seria a de não se viabilizarem os investimentos de US$ 10 bilhões para dobrar a produção de cana e de seus subprodutos, o que provocaria preços melhores. É produzir menos para ganhar mais”.

Ele questiona, também, se esta postura seria a melhor para o País e para próprio setor: “É importante que os usineiros, os fornecedores de cana, de máquinas, insumos, equipamentos, serviços e tecnologia trabalhem e pensem o setor com sinergia, já que ele emprega diretamente 3 milhões de trabalhadores e movimenta 300 outros setores da economia nacional”. “Além do que – afirma Knack – o Brasil detém a melhor tecnologia do mundo para transformar a cana em açúcar, etanol e biodiesel. Temos condições de, além de exportar estes commodities, também vender esta tecnologia para outros países que produzem cana-de-açúcar. E a Feisucro foi idealizada neste contexto, o de alavancar os negócios da cadeia produtiva canavieira nacional e internacional”.

O diretor de Projetos Especiais da Alcantara Machado, José Danghesi, disse que o diferencial entre as feiras regionais do setor e a Feisucro é a infra-estrutura e logística que só São Paulo pode oferecer: “Aqui estamos na capital dos grandes negócios e o setor da cana cresceu e precisa ocupar mais espaço, tanto na esfera nacional como na internacional”, concluiu. (fonte: Feisucro – Assessoria de Comunicação)