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Cana: Rodrigues repete que pode intervir; Unica admite impasse

O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, repetiu a um grupo de usineiros paulistas que está preocupado com o impasse entre o setor industrial e os fornecedores de cana-de-açúcar e que o governo poderá intervir no setor para a reforma do índice do Conselho dos Produtores de Cana, Açúcar e Álcool do Estado de São Paulo (Consecana-SP), instrumento que define o preço pago ao produtor. O encontro entre Rodrigues e os usineiros foi realizado hoje pela manhã, na sede da Delegacia do Ministério da Agricultura, em São Paulo (SP).

O diretor-técnico da União da Agroindústria Canavieira (Unica) Antonio da Padua Rodrigues admitiu, logo após sair da reunião, que há o impasse entre produtores e usineiros e que o encontro com o ministro foi apenas para “que ele pudesse ouvir a posição da classe industrial e que representantes dos grandes grupos de usinas do país, como Cosan, Copersucar, pudessem relatar a situação”.

Os usineiros oferecem 6% de aumento no preço pago pela tonelada de cana, hoje cerca de R$ 27,00 e os produtores querem 16%, ambos a partir de avaliações feitas por consultorias próprias. Só que os empresários sustentam que a consultoria contratada por eles fez uma avaliação completa no setor, com um levantamento amplo de custos agrícolas e industriais. “E os fornecedores fizeram a avaliação de uma unidade que seria ideal, mas que não existe. E o impasse segue”, avaliou Pádua Rodrigues.

O diretor-técnico da Unica repetiu ainda que os empresários e os fornecedores da cana irão contratar, conjuntamente, uma terceira consultoria, provavelmente uma universidade, mas que ela não irá propor um índice de reajuste a ser acatado por ambas as partes, o que pode sinalizar para a continuidade do impasse.

Ainda de acordo com o executivo, a terceira consultoria a ser ainda contratada irá analisar apenas as premissas e os conceitos avaliados pelas empresas contratadas anteriormente e não irá dar um parecer com índice de reajuste na cana. “Ela poderá dizer que uma ou outra premissa está certa ou errada. Nós seguimos propondo, na hora do acerto, ganhos na eficiência industrial, mas o índice que eles (fornecedores) propõem é três vezes maior e entendemos que essa relação exposta por eles não existe”, concluiu o diretor da Unica.