O governo do Estado do Acre vai leiloar, no próximo dia 3, uma usina de açúcar e álcool que por 16 anos foi um exemplo de desperdício de dinheiro público no Brasil. Comprada do Banco do Brasil pelo governo estadual por R$ 2,7 milhões, a usina foi construída com dinheiro da extinta Sudam (Superintendência para o Desenvolvimento da Amazônia) ao valor de R$ 150 milhões e nunca produziu um litro de álcool.
Conhecida como Projeto Alcobrás (Álcool Brasileiro S/A), a usina foi inaugurada em 1989 pelo empresário paulista José Alves Pereira Neto.
A festa de inauguração foi celebrada com um churrasco para 5 mil pessoas. Dois meses depois, Pereira Neto pediu falência e nunca mais se soube de seu paradeiro. O Banco do Brasil, de onde saía o dinheiro dos projetos da Sudam, ficou com o prejuízo.
Em 1993, durante sua caravana pré-eleitoral, o presidente Lula fez um comício nos escombros da usina e prometeu fazê-la funcionar. Na sextafeira, durante assinatura do contrato com o Banco do Brasil, o governador Jorge Viana revelou que o próprio presidente vinha cobrando uma solução para o caso.
A sede do empreendimento está localizada numa área de 11 mil hectares onde vivem cerca de 650 famílias assentadas em projetos de reforma agrária do Incra. O leilão, além da melhor oferta, determina que a empresa vencedora não transfira os equipamentos do Estado e estabeleça parceria com os produtores rurais do entorno para o cultivo de cana-de-açúcar.
Pelas estimativas do governo, assim que estiver funcionando, a usina vai consumir 10 mil hectares de cana e gerar cerca de 2 mil empregos.
A compra do que restou da Alcobrás pelo Estado foi autorizada pela Assembléia Legislativa depois de aprovação unânime dos 24 deputados a um projeto do Poder Executivo elaborado para este fim. O governo calcula que, no auge da produção, a usina gere faturamento em torno de R$ 60 milhões. Empresários ligados à Usina Esperança, de Rondônia, manifestaram interesse na aquisição.
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